Cobertura eleição França 2017 para Veja

 

A seguir links para as reportagens escritas e os comentários e reportagens em vídeo que compuseram a minha cobertura das eleições presidenciais francesas para o site de Veja.

T-Dem: a resposta de Piketty para a “urgência democrática” europeia

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Piketty (direita) e os colaboradores do livro T-Dem. Foto Gabriel Brust.

 

Pressionado pelas eleições francesas e pelo que classifica de “urgência democrática” vivida pela Europa, Thomas Piketty reuniu às pressas um grupo de intelectuais próximos para transformar em proposta concreta algumas de suas mais antigas obsessões sobre a União Europeia: aproximar os cidadãos da administração do bloco através de um novo parlamento supranacional e, claro, adicionar uma pitada extra de impostos para completar a receita, que ninguém é de ferro. O resultado são as 96 páginas de “Pour un traité de démocratisation de l’Europe”, abreviado “T-Dem” pela equipe de quatro autores que assinam o texto publicado pelas Editions du Seuil.

No dia seguinte às primárias da esquerda francesa, em 30 de janeiro, o então escolhido para concorrer pelo Partido Socialista, Benoit Hamon, incumbiu o economista pop-star francês – sempre próximo do PS embora rompido com François Hollande – de redigir o projeto para a União Europeia que subiria ao palanque. Piketty convocou então a professora de Direito Público Stéphanie Hennette e os cientistas políticos Guillaume Sacriste e Antoine Vauchez para “amarrar o texto” de um pretensioso tratado, que em menos de dois meses ganhava ponto final. “Propus o livro para a editora em uma segunda-feira, mandei o PDF para eles na segunda seguinte, e na quinta já estava impresso”, orgulhava-se Piketty, na semana passada, em uma conversa com alunos na Paris School of Economics (PSE).

A esperança é um risco desnecessário

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Sartre dizia que sua avó materna não acreditava em nada, uma católica tão desconfiada que o “ceticismo a impedia de ser ateia”. O neto se tornou tão ateu que acabou acreditando em coisas piores, como o maoísmo. Pesquisas revelam o tempo todo a profunda descrença do brasileiro na classe política. Ainda é pouco. O Brasil atual nos mostra que vai precisar de uma dose quase letal de ceticismo, para, ainda que cambaleando, recobrar forças vacinado contra novos populismos.

“A esperança é o maior dos riscos”, nas palavras do ex-ministro socialista francês Emmanuel Macron, citando Georges Bernanos no lançamento de sua candidatura à presidência. Macron saiu do governo Hollande e do armário, agora propondo abertamente sua agenda liberal para a economia – pecado que outrora faria a ateia sociedade francesa recriar as fogueiras inquisitórias para queimá-lo junto a livros de Hayek. A França dá sinais de que pode estar mudando. O Brasil também deu, mas os sinais duraram pouco.

Atentados em Paris

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Homenagens em frente a um dos locais atacados. Foto: Gabriel Brust

 

Cheguei aos arredores da casa de shows Bataclan, na noite de 13 de novembro de 2015, quando os terroristas ainda faziam reféns. Acabariam deixando um rastro de mais de uma centena de mortos. Fiz o primeiro relato para a Rádio Gaúcha, de Porto Alegre, direto do hospital de campanha montado em plena rua, onde os sobreviventes, cobertos de sangue, iam sendo atendidos. Nos dias seguintes, trabalhei em uma série de reportagens para televisão, rádio e internet, sobre os desdobramentos dos atentados:

 

  • Jornal da RFI 18/11, simultâneo à operação da polícia francesa contra terroristas em Saint-Denis:

Políticos brasileiros em Paris

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Interior do “Quai d’Orsay”, o palácio do Ministério das Relações Exteriores da França, por Gabriel Brust.

Tarefa recorrente na vida de jornalista brasileiro trabalhando fora, acompanhar os políticos e autoridades do país em suas viagens pode render algumas manchetes. Abaixo, uma seleção de reportagens minhas recentes seguindo alguns deles – incluindo entrevistas com os quatro últimos ministros das Relações Exteriores do Brasil.

Boas conversas no rádio

Na foto: o bar parisiense People's Drugstore, por Gabriel Brust.

Na foto: o bar parisiense People’s Drugstore, por Gabriel Brust.

Quando, eventualmente, cabe a mim produzir e editar o jornal da noite da RFI Brasil, que vai ao ar diariamente às 22h30 (horário de Paris), procuro trazer, além das notícias e reportagens do dia, convidados cujo poder de análise considero bastante aguçado. Foi o caso de Eduardo Wolf e Leandro Demori – o primeiro dissecando as eleições britânicas direto de Londres, o segundo falando sobre o Brasil e suas ferrovias fantasmas. Confira abaixo:

Paris é uma festa

Yamandu Costa por Gabriel Brust.

Yamandu Costa ensaiando na Filarmônica de Paris, por Gabriel Brust.

Embora tenha trabalhado durante cinco anos no Brasil focado exclusivamente em temas culturais, a vida de correspondente e repórter na França não me deixa muito tempo para me dedicar à cobertura do cenário artístico – que segue, no entanto, premente no meu cotidiano e, eventualmente, escapa para o jornalismo, como nos exemplos abaixo, todos para a RFI.

França 2015

Foto: Gabriel Brust

Partida Brasil x França no Stade de France em março de 2015, por Gabriel Brust.

O 2015 que agora ruma para sua reta final, na França, foi marcado pelo medo do terrorismo, por uma grande crise econômica no setor agropecuário do país, além de incerteza na política diante do enfraquecimento das duas tradicionais forças de centro-esquerda e centro-direita. Abaixo, uma série de matérias minhas que compõem um bom cenário do que se passou no hexágono neste ano – até agora.

Seguindo Thomas Piketty

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Conferência de Piketty na Sorbonne, em fevereiro de 2015, por Gabriel Brust.

Tenho restrições, mas considero Thomas Piketty o que há de mais razoável em termos de pensamento de esquerda na atualidade. Em tempos de consenso sobre liberdade econômica e disciplina fiscal, é preciso muita inventividade para encontrar espaço à margem e trafegar por ele de forma intelectualmente honesta. Piketty consegue fazer isso. Abaixo, algumas matérias que publiquei sobre ele nos últimos meses.

O acordo foi quebrado

— Nós jogamos de acordo com as regras e administramos os custos de forma eficiente para os acionistas.

— Ou seja, vocês minimizam os seus impostos às custas do contribuinte inglês.

— Pagamos todos os impostos exigidos no Reino Unido.

— Não estamos lhe acusando de algo ilegal, estamos lhe acusando de algo imoral.

O diálogo é de uma tarde de novembro de 2012 e se deu na Comissão de Contas Públicas do congresso britânico. De um lado, Matt Brittin, vice-presidente do Google para o Reino Unido. Do outro, Margaret Hodge, do Partido Trabalhista, presidente da comissão. Na pauta daquele dia, uma pergunta simples: por que Google, Starbucks e Amazon pagam praticamente nenhum imposto no Reino Unido? Brittin tenta, em vão, explicar como foi que o Google conseguiu pagar apenas 6 milhões de libras em impostos em um ano em que faturou cerca de 3 bilhões de libras no país.

>> Clique aqui para ler a íntegra do artigo no jornal Zero Hora.

Charlie Hebdo e as esquerdas

O atentado ao Charlie Hebdo teve pelo menos um lado útil: deixar claro para uma parcela grande de brasileiros que vive na França que não há paralelo possível entre a esquerda europeia e a sul-americana. Isso é algo que eu modestamente me dei conta logo que cheguei ao país, em 2009, e que faço questão de lembrar sempre que há eleições no Brasil – quando o delírio de que o PT representa qualquer coisa parecida com o PS acomete algumas cabeças até bem lúcidas entre meus amigos e colegas. A esquerda sul-americana relativiza o autoritarismo (Cuba, Venezuela, etc), relativiza corrupção (Mensalão, Petrobras, etc) e sempre relativizou o terrorismo. A reação ao episódio de agora na França é totalmente coerente com o discurso que ouvimos no 11 de Setembro ou que ouvimos o tempo todo na questão israelo-palestina. É uma moral torta que muda dependendo de quem é a vítima. Algo bem mais raro entre a esquerda europeia, para quem alguns pilares não são mais passíveis de discussão, entre eles a democracia. Lamento que este choque de realidade tenha se dado em um contexto tão trágico para alguns.

Sobre as eleições brasileiras 2014

A polarização fanática que se viu nas eleiçōes deste ano é resultado direto da estrutura do Estado brasileiro. Vencer as eleições equivale a ganhar uma pequena loteria para todas as pessoas ligadas aos dezenas de milhares de cargos que podem ser preenchidos pelo vencedor. Não é à toa que, sempre que as difamações mais sujas são investigadas, descobre-se que partiram justamente dos setores dos partidos que ocupam estes cargos na máquina pública (assessor de deputado, assessor do “Ministério da Pesca”, assessor de diretor de estatal, etc) ou partem do equivalente que assumiria estes cargos no partido de oposição, caso ele vença. Depois a massa de manobra que não ganhará um centavo com isso trata de propagar e a bola de neve está formada.

Cortem drasticamente o poder do governante de nomear tanta gente no Estado brasileiro e eu garanto que a “paixão pela causa” que leva a esses extremos desaparecerá do dia pra noite. CONTINUAR LENDO.

Non voglio

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Escolher as suas cenas preferidas em filmes de Fellini é tarefa ingrata. Mas em La Dolce Vita, apesar das cenas antológicas – Anita Ekberg na Fontana di Trevi, a estátua de Jesus sobrevoando Roma amarrada a um helicóptero, etc -, os meus dois momentos preferidos são secundários. As duas cenas se passam no carro de Marcello e ele tem a seu lado a pobre Emma, noiva que tanto despreza. Na primeira cena, acima, Emma obriga Marcello a se alimentar durante uma longa viagem rumo a uma cobertura jornalística. As caras não só de Marcello Mastroianni, mas também de seu fiel fotógrafo chamado Paparazzo (sim, é dele que vem o termo paparazzi) me fazem passar mal de rir sempre que assisto. Para além do humor, a cena retrata um traço cultural fortemente italiano que eu vivi durante a vida toda em casa, mas que apenas recentemente foi traduzido em palavras para mim, por uma garota de Roma, de uma maneira que passou a fazer sentido: “Fazer alguém comer é a forma italiana de demonstrar amor”. Emma ama Marcello e faz Marcello comer, ainda que ele não queira. Na segunda cena, Marcello se rebela contra o noivado infeliz. Após uma discussão também na estrada, com direito a tapas e mordidas, ele a obriga a descer do carro, em meio à noite escura. Parte roncando o motor e dizendo até nunca mais. Na cena seguinte, já é de manhã, Emma caminha na estrada. Marcello volta novamente roncando o motor, ela entra e, sem dizer nada, eles seguem como se nada tivesse acontecido.

Outros posts sobre Cinema.

Como fazer acentos do português no teclado AZERTY do MacBook francês

Se você usa um teclado de MacBook francês, que tem padrão “Azerty”, sabe que o acento agudo e o til do português não aparecem em nenhuma tecla. Como não encontrei muitos posts falando sobre o assunto na internet, aqui vai a solução que encontrei.

Para fazer o TIL: ALT + N.

Para fazer o acento agudo, há duas opções.

A solução complicada: digitar a combinação ALT+SHIFT+1 e depois a letra desejada. É tecla demais.

A solução simples: baixar o app gratuito Karabinier. Ele vai transformar a combinação em apenas duas teclas: CMD + ^

Uma vez instalado, siga os seguintes passos:

1. Na aba “Change Key”, desça até a função “For french”.

2. Dentro de “For French”, escolha a oitava opção: Command_L+Circonflexe(^) to ´

3. Feito. Agora basta usar a combinação CMD + ^ para obter o acento agudo.

Todos os outros acentos você encontra no teclado francês. É só se acostumar.

UPDATE IMPORTANTE DE 2017: o Karabinier não funciona mais com a nova atualização do iOS, o iOS Sierra. Se você não quer perder essa facilidade, não atualize seu iOS e continue usando o El Capitan.

A França e o Golpe de 64

No site da Radio France Internationale, recupero a posição francesa durante o golpe militar de 64 no Brasil:

“A França foi destino de exílio brasileiro logo no início da República, com Dom Pedro II escolhendo Paris para passar seus últimos anos de vida depois de deposto. A ditadura inaugurada pelo Golpe de 1964, que nesta semana completa 50 anos, tornou novamente a capital francesa uma terra atraente para perseguidos políticos. O que não impediu o governo francês de manter relações com o Regime Militar.”

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A diplomacia brasileira e a Ucrânia

Acompanhei o encontro dos chanceleres brasileiro e francês no Quai d’Orsay, em Paris. A seguir o relato para a Radio France International e uma análise da diplomacia brasileira no caso da Crimeia.

“Não faltam motivos para a diplomacia brasileira se manter em cima do muro na questão que opõe Rússia e Ucrânia. Uma combinação de uma nova política exterior mais tímida aliada a interesses econômicos com ambos os lados da contenda explicam a posição de cautela adotada pelo país em um momento em que a Europa brande sanções econômicas.”

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Coronelismo à francesa

Hoje, na Radio France Internationale, conto a história do senador e milionário Serge Dassault.

“Um senador da república milionário, octogenário e proprietário de meios de comunicação, governa durante anos uma região do interior usando práticas clientelistas e abusando da compra de votos nas regiões mais pobres para se perpetuar no poder. A descrição poderia tranquilamente ser aplicada a certos coronéis da política brasileira, não fosse pelo fato de que este senador começará hoje mesmo a responder na Justiça pelas acusações de corrupção.”

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