O repórter José Luis Costa, da Zero Hora, apurou uma curiosa história em Porto Alegre: os restos de um experimento levado a cabo nos anos 70 e que pretendia criar um carro movido à álcool e água. À frente do projeto estava o engenheiro francês Jean Pierre Marie Chambrin. Os detalhes de como ele foi parar no Brasil, o José Luis contou nesta excelente reportagem (clique para ler) publicada no domingo. A mim, restou apurar por aqui o que levou Chambrin a deixar a França. Reproduzo na íntegra o texto que saiu um pouco menor na edição de segunda-feira. (Mas não deixe de ler, antes, a reportagem completa do José Luis, contextualizando tudo).
Ele não estava nos planos da França
Gabriel Brust
Especial, Paris
A depender da família de Jean Chambrin, a saga do inventor poderia continuar envolta em mistério. Localizado por Zero Hora na periferia sul de Paris, seu filho, Phillipe, se recusa a falar sobre o caso. Mas pesquisas e documentos históricos ajudam a descrever a rede de intrigas envolvendo governo, processos judiciais e traições, na qual Chambrin se meteu a partir de uma certa manhã de julho de 1974. E que o levaria a ir embora da França em direção ao Brasil para nunca mais voltar.
Naquela manhã, acompanhado pelo colega de pesquisa que depois se tornaria seu inimigo, Jean Chambrin recebeu um punhado de jornalistas em sua garagem localizada no número 9 da Rue du Renard, em Rouen, cidade no norte da França. O motivo: fazer uma demonstração de seu invento, um carro movido 60% à água, 40% a álcool, e cuja tecnologia previa reduzir essa proporção a até 95% de água. O invento vinha sendo gestado desde 1957 até aquela manhã em que finalmente os dois colegas decidiram mostrá-lo ao mundo.
– Eu vi o primeiro motor movido à água – disse o repórter da revista L’Automobil na capa de uma edição de julho de 1974.