T-Dem: a resposta de Piketty para a “urgência democrática” europeia

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Piketty (direita) e os colaboradores do livro T-Dem. Foto Gabriel Brust.

 

Pressionado pelas eleições francesas e pelo que classifica de “urgência democrática” vivida pela Europa, Thomas Piketty reuniu às pressas um grupo de intelectuais próximos para transformar em proposta concreta algumas de suas mais antigas obsessões sobre a União Europeia: aproximar os cidadãos da administração do bloco através de um novo parlamento supranacional e, claro, adicionar uma pitada extra de impostos para completar a receita, que ninguém é de ferro. O resultado são as 96 páginas de “Pour un traité de démocratisation de l’Europe”, abreviado “T-Dem” pela equipe de quatro autores que assinam o texto publicado pelas Editions du Seuil.

No dia seguinte às primárias da esquerda francesa, em 30 de janeiro, o então escolhido para concorrer pelo Partido Socialista, Benoit Hamon, incumbiu o economista pop-star francês – sempre próximo do PS embora rompido com François Hollande – de redigir o projeto para a União Europeia que subiria ao palanque. Piketty convocou então a professora de Direito Público Stéphanie Hennette e os cientistas políticos Guillaume Sacriste e Antoine Vauchez para “amarrar o texto” de um pretensioso tratado, que em menos de dois meses ganhava ponto final. “Propus o livro para a editora em uma segunda-feira, mandei o PDF para eles na segunda seguinte, e na quinta já estava impresso”, orgulhava-se Piketty, na semana passada, em uma conversa com alunos na Paris School of Economics (PSE).