Non voglio

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Escolher as suas cenas preferidas em filmes de Fellini é tarefa ingrata. Mas em La Dolce Vita, apesar das cenas antológicas – Anita Ekberg na Fontana di Trevi, a estátua de Jesus sobrevoando Roma amarrada a um helicóptero, etc -, os meus dois momentos preferidos são secundários. As duas cenas se passam no carro de Marcello e ele tem a seu lado a pobre Emma, noiva que tanto despreza. Na primeira cena, acima, Emma obriga Marcello a se alimentar durante uma longa viagem rumo a uma cobertura jornalística. As caras não só de Marcello Mastroianni, mas também de seu fiel fotógrafo chamado Paparazzo (sim, é dele que vem o termo paparazzi) me fazem passar mal de rir sempre que assisto. Para além do humor, a cena retrata um traço cultural fortemente italiano que eu vivi durante a vida toda em casa, mas que apenas recentemente foi traduzido em palavras para mim, por uma garota de Roma, de uma maneira que passou a fazer sentido: “Fazer alguém comer é a forma italiana de demonstrar amor”. Emma ama Marcello e faz Marcello comer, ainda que ele não queira. Na segunda cena, Marcello se rebela contra o noivado infeliz. Após uma discussão também na estrada, com direito a tapas e mordidas, ele a obriga a descer do carro, em meio à noite escura. Parte roncando o motor e dizendo até nunca mais. Na cena seguinte, já é de manhã, Emma caminha na estrada. Marcello volta novamente roncando o motor, ela entra e, sem dizer nada, eles seguem como se nada tivesse acontecido.

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