A esperança é um risco desnecessário

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Sartre dizia que sua avó materna não acreditava em nada, uma católica tão desconfiada que o “ceticismo a impedia de ser ateia”. O neto se tornou tão ateu que acabou acreditando em coisas piores, como o maoísmo. Pesquisas revelam o tempo todo a profunda descrença do brasileiro na classe política. Ainda é pouco. O Brasil atual nos mostra que vai precisar de uma dose quase letal de ceticismo, para, ainda que cambaleando, recobrar forças vacinado contra novos populismos.

“A esperança é o maior dos riscos”, nas palavras do ex-ministro socialista francês Emmanuel Macron, citando Georges Bernanos no lançamento de sua candidatura à presidência. Macron saiu do governo Hollande e do armário, agora propondo abertamente sua agenda liberal para a economia – pecado que outrora faria a ateia sociedade francesa recriar as fogueiras inquisitórias para queimá-lo junto a livros de Hayek. A França dá sinais de que pode estar mudando. O Brasil também deu, mas os sinais duraram pouco.